Simão Pedro respondeu: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo! (Mateus 16 Comentado)

 Mateus 16 comentado (A revelação de Pedro e Jesus profetiza a Sua morte)

Em Mateus 16, Jesus adverte sobre os fariseus e saduceus, repreendendo a falta de fé. Pedro confessa Jesus como Cristo, recebendo a promessa das chaves do Reino. Jesus prediz sua morte e ressurreição, e a necessidade de negar a si mesmo para segui-lo.

Todos os versículos de Mateus 16 comentados

1 Então os fariseus e os saduceus se aproximaram dele e, a fim de tentá-lo, pediram-lhe que lhes mostrasse algum sinal do céu. 

Assim como narrado em capítulos anteriores, novamente os fariseus e os saduceus se aproximaram de Jesus, não para segui-lo, mas sim para procurar "falhas" e oportunidades de acusá-lo e, se possível, matá-lo o quanto antes. Esses "homens que dominavam o templo" foram, sem dúvida, os maiores inimigos de Jesus em vida.

Nessa ocasião, eles vieram atrás de um sinal. É curioso que, em determinada passagem da Bíblia, o próprio Satanás veio até Jesus, dizendo que, se Ele é o "Filho de Deus (divino)", então transformasse as pedras em pães, dessa forma, também exigindo um "sinal". Após a negativa, ele não desistiu e levou Jesus ao alto e disse: "...⁶ Se tu és o Filho de Deus, lança-te daqui abaixo; porque está escrito: Que aos seus anjos dará ordens a teu respeito, e tomar-te-ão nas mãos, para que nunca tropeces com o teu pé em alguma pedra... (Mateus 4:6)".

Assim como o Diabo se aproximava sorrateiramente, à procura de uma fraqueza, seus partidários também seguem esses mesmos modos operantes, não à toa.

2 Mas ele lhes respondeu: Quando chega a tarde, dizeis: “ [Haverá] tempo bom, pois o céu está vermelho”. 

3 E pela manhã: “Hoje [haverá] tempestade, pois o céu está de um vermelho sombrio”. Hipócritas! Vós bem sabeis distinguir a aparência do céu, mas os sinais dos tempos não podeis? 

|fn:  N4 omite "Hipócritas!"

4 Uma geração má e adúltera pede um sinal; mas nenhum sinal lhe será dado, a não ser o sinal do profeta Jonas. Então os deixou, e foi embora 

|fn:  TR, RP: do profeta - N4: de

Os judeus dos tempos de Jesus eram homens que estavam acostumados com sinais. Achavam que, da mesma forma que Deus fez sinais e maravilhas nos tempos dos profetas, o mesmo ocorreria naquele tempo, mas estavam completamente cegos.

Jesus já lhes tinha dado diversos sinais. Ele curava multidões, revelava tesouros ocultos da sabedoria e do conhecimento, e revelava tudo para todo o povo, mas eles, em seus pecados, como homens adúlteros, não conseguiam ver os claros sinais de que Deus estava se manifestando em Jesus. Eram incapazes de enxergar.

O pecado possui essa finalidade. Quando estamos presos no pecado, escamas entram em nossos olhos e não conseguimos enxergar o que está claro. O homem que sofre com o álcool ou drogas está tão inconsciente devido às pesadas químicas que estão em seu corpo, que perde a capacidade de discernir. Da mesma forma, os fariseus e saduceus, que estavam corrompidos pelo poder político e pela ganância.

5 E quando os seus discípulos vieram para a outra margem, esqueceram-se de tomar pão. 

|fn:  N4 omite "seus"

6 E Jesus lhes disse: Ficai atentos, e tende cuidado com o fermento dos fariseus e saduceus. 

7 E eles argumentaram entre si, dizendo: É porque não tomamos pão. 

8 Jesus percebeu, e disse-lhes: Por que estais argumentando entre vós mesmos, ó [homens] de pouca fé, que não tomastes pão? 

|fn:  N4 omite "-lhes" |fn:  TR, RP: tomastes - N4: tendes

9 Ainda não entendeis, nem vos lembrais dos cinco pães dos cinco mil, e quantos cestos levantastes? 

10 Nem dos sete pães dos quatro mil, e quantos cestos levantastes? 

Os discípulos esqueceram de tomar o "pão". A Bíblia possui mensagens que, muitas vezes, demonstram em atividades físicas coisas espirituais. Deus é Espírito, assim também sua palavra, obrigatoriamente, é sentida de forma espiritual, com significado espiritual.

O significado de pão nas Escrituras é explicado por Cristo posteriormente na Última Ceia. O pão "representa o corpo de Jesus" e o fermento, tomando os pães como corpos e os próprios personagens dos apóstolos, agora entra a figura do "fermento", que representa os falsos ensinamentos que "influenciam e crescem", gerando corrupção e falta de fé.

Jesus havia feito os milagres dos pães, multiplicando-os. Isso era um sinal claro. Da mesma forma que os israelitas tinham o sinal de Deus através do maná, os apóstolos também foram testemunhas oculares, mas agora, ouvindo os saduceus e os fariseus, não entendiam por que Jesus não lhes dava um sinal.

Agora, mesmo sendo testemunhas oculares, novamente duvidaram e tiveram falta de fé. Parece um absurdo aos nossos olhos, mas nós não somos diferentes. De tempos em tempos, temos falta de fé e não conseguimos acreditar na revelação (sinal) do evangelho da forma que deveríamos. Não somos tão diferentes dos apóstolos.

11 Como não entendeis que não foi pelo pão que eu vos disse para tomardes cuidado com o fermento dos fariseus e saduceus? 

|fn:  TR, RP: disse para tomardes cuidado (...) saduceus? - N4: disse? Mas tomai cuidado (...) saduceus.

12 Então entenderam que ele não havia dito que tomassem cuidado com o fermento de pão, mas sim com a doutrina dos fariseus e saduceus. 

|fn:  N4: dos pães

Jesus alerta seus discípulos sobre as falsas doutrinas. Eu entendo Jesus. A Igreja, durante sua história, sempre teve esse mesmo problema. Aprendendo com tudo que Jesus nos ensinou no evangelho, as instituições que vieram pregar o evangelho nos dias de hoje caíram em falsas doutrinas e falsos ensinamentos.

Alguns aderiram ao legalismo, assim como os próprios fariseus e saduceus. Outros desceram ainda mais baixo e caíram no completo politeísmo, criando um deus filosófico chamado trindade. Outros colocaram intermediários entre Deus e os homens.

Jesus frisou para tomar cuidado com as falsas doutrinas. Parafraseio as palavras Dele, pois essas palavras são tão atuais quanto as que Ele disse há dois mil anos.

13 E tendo Jesus vindo às partes da Cesareia de Filipe, perguntou aos seus discípulos: Quem as pessoas dizem que eu, o Filho do homem, sou? 

|fn:  TR, RP: eu, o Filho do homem, sou - N4: o Filho do homem é

14 E eles responderam: Alguns João Batista, outros Elias, e outros Jeremias ou algum dos profetas. 

15 Ele lhes disse: E vós, quem dizeis que eu sou? 

João era o último profeta, e não tinha morrido há tanto tempo. Além disso, suas mensagens, com foco em arrependimento e fim iminente, eram parecidas com as de Jesus, de forma que não é um absurdo alguns associarem Jesus a João. Agora, a associação a Elias tinha um ponto de vista dos livros dos Reis. Observem atentamente que Elias não foi descrito como morto, e sim levado para o céu. Essa interpretação de que Jesus era Elias certamente está associada ao fato de que, da mesma forma que Elias fazia sinais e maravilhas, Jesus também os fazia.

"Jeremias ou algum outro profeta..." é interpretado como se Jesus estivesse em um ministério profético, e não messiânico, o que não é verdade. Os boatos estavam equivocados, o que geralmente ocorre em quase todos os momentos. Em minhas experiências individuais, sempre que ouvi um boato, geralmente eram mentiras.

16 E Simão Pedro respondeu: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo! 

17 E Jesus lhe replicou: Bendito és tu, Simão, filho de Jonas; pois não foi carne e sangue que o revelou a ti, mas sim meu Pai, que [está] nos céus. 

|fn:  Bendito – ou: bem-aventurado |fn:  filho de Jonas – lit. Bar-Jonas

18 E eu também te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja; e as portas do mundo dos mortos não prevalecerão contra ela. 

19 E a ti darei as chaves do Reino dos céus; e tudo o que ligares na terra terá sido ligado nos céus; e tudo o que desligares na terra terá sido desligado nos céus. 

|fn:  N4 omite "E" |fn:  terá sido ligado – ou: será ligado – no grego, as duas formas verbais são idênticas |fn:  terá sido desligado – ou: será desligado

20 Então mandou aos seus discípulos que a ninguém dissessem que ele era Jesus, o Cristo.

|fn:  N4 omite "seus" |fn:  N4 omite "Jesus"

"Simão, filho de Jonas..." Pedro revelou Deus em Cristo. Na fala do apóstolo, saiu o reconhecimento de que Jesus é o Cristo e de que Ele era o Filho do Deus vivo. Curiosamente, a resposta de Jesus é tão importante quanto a fala de Pedro.

"Não foi a carne ou o sangue...(humanidade)" Isso, da mesma forma que Jesus foi revelado espiritualmente e não apenas como um humano. Em Jesus foi revelado o Deus todo-poderoso: "...mas sim meu Pai que está nos céus...(divindade)" O Pai celestial foi revelado em Jesus. Deus estava em Cristo. Essa revelação é a "pedra angular". Jesus é a coluna que os construtores rejeitaram, mas aqueles que ouviram Cristo e seguiram a revelação de Pedro abraçaram a pedra angular.

Todo aquele que abraçar essa pedra estará protegido do inferno e da morte, pois a esses será dada a vida nova em Cristo, a salvação e a morada celestial que nosso Deus nos prometeu.

As chaves do Reino foram dadas à Igreja. Novamente, uma mensagem espiritual, com simbologia e lastro em algo físico. Uma chave é como uma senha: se você a tem, conseguirá ter acesso ao que precisa, seja ligar um computador, operar um celular ou mesmo entrar por uma porta. Desta vez, a chave é a morada celeste, e essa chave é demonstrada pelo seu próprio contexto: o reconhecimento da mensagem revelada por Pedro, de que Jesus é o Cristo.

Jesus pede segredo aos seus discípulos. O tempo ainda não era chegado. Note que Jesus pediu que Simão dissesse, perguntando aos discípulos sobre quem Ele era. Isso porque a revelação não sairia pela própria boca de Jesus, e sim pela boca que confessasse Jesus. Era algo que deveria sair da boca dos apóstolos para todos e de todos como reconhecimento, sem imposição, sem leis forçadas, e sim como um ato de fé e amor.

21 Desde então Jesus começou a mostrar a seus discípulos que ele tinha que ir a Jerusalém, e sofrer muito pelos anciãos, pelos chefes dos sacerdotes, e pelos escribas, e ser morto, e ser ressuscitado ao terceiro dia. 

|fn:  N4: Jesus Cristo

22 E Pedro o tomou à parte, e começou a repreendê-lo, dizendo: Misericórdia de ti, Senhor! De maneira nenhuma isso te aconteça. 

23 Mas ele se virou, e disse a Pedro: Para trás de mim, Satanás! Tu és um obstáculo, porque não compreendes as coisas de Deus, mas sim as humanas. 

24 Então Jesus disse a seus discípulos: Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome sobre si a sua cruz, e siga-me. 

A Igreja tem acesso à chave, mas para entrar na morada celeste, é necessário "entrar pela porta". Jesus nos ensinou o caminho: é carregar a "cruz" e seguir Jesus. Pedro, novamente, olhava apenas o plano físico, tomando novamente a influência dos fariseus e dos saduceus, não conseguia enxergar o espiritual que a mensagem de Jesus carregava.

Tendo a chave que é Jesus, temos que caminhar em direção à porta, que é o evangelho, seguir a Cristo. Em determinados momentos, não será só alegria. Teremos momentos de perseguição, tentação, medo, angústia e, o mais importante de tudo, sacrifício. Para abraçarmos o verdadeiro evangelho, devemos seguir Jesus não por lei, e sim por amor.

25 Pois qualquer um que quiser salvar a sua vida a perderá; porém qualquer um que por causa de mim perder a sua vida, [este] a achará. 

26 Pois que proveito há para alguém, se ganhar o mundo todo, mas perder a sua alma? Ou que dará alguém em resgate da sua alma? 

|fn:  N4: haverá

A mensagem de Jesus vem com um paradoxo: se quiser ganhar o mundo físico, perderá sua alma; se quiser ganhar o mundo espiritual, certamente "perderá sua vida".

Jesus explicou que o espírito e a carne estão em constante atrito. Não é possível agradar ambos, pois nosso desejo carnal é o pecado, e se saciarmos a carne, não saciaremos nosso espírito. Se saciarmos nosso espírito, não saciaremos nossa carne. Aqueles que tomam a cruz devem entender que precisam escolher. Não existem duas portas, não existem duas chaves e não existem dois deuses: um tem que ser o verdadeiro, e o outro deve ser falso.

27 Pois o Filho do homem virá na glória do seu Pai com os seus anjos, e então recompensará a cada um segundo as suas obras. 

28 Em verdade vos digo, que há alguns, dos que aqui estão, que não experimentarão a morte, até que vejam o Filho do homem vir em seu Reino.

A salvação não é pelas obras, é pela fé, mas as recompensas celestiais serão segundo as suas obras. Mais importante do que a recompensa é que Ele virá com seus santos. Um elemento teológico vital é como será o retorno de Jesus Cristo, e nosso próprio Salvador narra:

"...Pois o Filho do homem virá na glória do Pai..." Note: Jesus, em seu ministério terreno, veio como um cordeiro, mas retornará como o Leão da tribo de Judá. Ele veio como filho, mas virá na "...glória de seu Pai..." Isso é, Jesus voltará glorificado, como o Rei Eterno, o nosso "Pai celestial" que julgará as nações por suas obras. Se boas, Ele será o advogado fiel; se más, Ele será um juiz de justiça.

Jesus é o próprio Deus em Espírito. Dessa forma, sua glória é a glória do "Pai", a glória de Deus, e para todos os que reconhecem Jesus como o Cristo, revelam o Pai celestial.

Todos os capítulos de Mateus comentado.         

📑 Créditos da versão bíblica usada são da Blive (Bíblia Livre) 

💬 Comentários são de Lucas Ajudarte. 

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