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Jesus é o pão vivo e a mulher cananeia (Mateus 15)

Mateus 15 comentado (Jesus e a mulher cananeia e o pão vivo que desceu do céu)


O capítulo 15 de Mateus é um momento crucial nos ensinamentos de Jesus, onde Ele confronta as tradições religiosas dos fariseus e enfatiza a verdadeira pureza do coração. Jesus explica que não são as regras externas que definem a santidade, mas a condição interna do ser humano. Ele realiza milagres, como a multiplicação dos pães e peixes, demonstrando Sua compaixão e poder. Este capítulo destaca a importância da fé genuína e da relação pessoal com Deus, desafiando as normas estabelecidas e revelando a essência do amor divino.


Jesus é o pão vivo e a mulher cananeia (Mateus 15)
Jesus o pão vivo que desceu do céu



Todos os versículos de Mateus 15 comentados

1 Então, alguns fariseus e educadores religiosos, vindos de Jerusalém, se aproximaram de Jesus e lhe perguntaram:

2 “Por que os seus discípulos quebram a tradição de nossos antepassados ao não lavarem as mãos antes de comer?”

Nessa tradução da Bíblia, que foi inspirada na Nestle 1904, é usada a expressão "educadores religiosos", mas a expressão mais comum é "mestres da lei". Estes homens, que dominavam os templos, as sinagogas e até mesmo as cadeiras políticas na Judeia daquele tempo, sempre foram opositores de Jesus e, posteriormente, de seus apóstolos.

Eles eram homens com linhas de pensamento engessadas. Seu estilo de vida e de adoração ao Deus de Israel era pesado demais, cheio de rituais e simbologias, que, no final, suas práticas não tinham o intuito de adorar a Deus, mas sim de cumprir um ritual, uma tradição. Isso torna a fé cega e morta, pois se afasta da fé genuína no primeiro mandamento: "Adorarás o Senhor teu Deus de todo o coração".


3 Jesus respondeu: “Por que vocês desobedecem ao mandamento de Deus por causa de sua tradição?”

4 “Pois Deus disse: ‘Respeitem o seu pai e a sua mãe.’ E também: ‘Aqueles que amaldiçoam seu pai ou sua mãe deveriam morrer.’ 

5 Mas, vocês dizem que se alguém disser ao seu pai ou a sua mãe: ‘Qualquer ajuda que vocês esperam receber de mim, agora é uma oferta para Deus,’ então

6 eles não precisam respeitar seu pai. Assim, vocês anulam a Palavra de Deus em nome de sua tradição.

Jesus cita o mandamento de honrar pai e mãe (Êxodo 20:12), um dos Dez Mandamentos. Ele ressalta a importância de cuidar e respeitar os pais. Então, Ele expõe como os fariseus estavam distorcendo esse mandamento. Eles permitiam que as pessoas evitassem ajudar seus pais, alegando que o dinheiro ou os recursos que deveriam ser usados para ajudar os pais eram, na verdade, uma "oferta para Deus". Isso permitia que as pessoas contornassem suas responsabilidades familiares.

Anulando a Palavra de Deus: Jesus conclui dizendo que, ao fazer isso, os fariseus estavam anulando a Palavra de Deus em nome de suas tradições. Eles estavam dando mais importância às suas regras e interpretações do que aos mandamentos diretos de Deus.



7 Seus hipócritas! Isaías tinha razão quando disse o seguinte sobre vocês:

8 ‘Essas pessoas dizem que me respeitam, mas em seus pensamentos elas não ligam para mim. 

9 A adoração delas é inútil. O que essas pessoas ensinam são apenas exigências dos homens.’” 

10 Ele chamou a multidão e lhes disse: “Escutem e compreendam o que eu digo:

11 não é o que entra em sua boca o que os corrompe. É o que sai da sua boca que os desonra.”


Jesus, ao chamar os fariseus de hipócritas, acirra ainda mais a rivalidade entre Jesus e os homens do templo. A relação de Cristo com os fariseus e com os mestres da lei já vinha sendo deteriorada desde o início do ministério terreno de Jesus. A mensagem de Cristo era nítida: que o Reino de Deus não é um partido político, como o dos fariseus e dos saduceus, e que o evangelho não era uma tradição religiosa.


Essas mensagens claras e contundentes quebravam o status quo existente. Por esses e por muitos outros motivos, Jesus era uma ameaça, e o poder político e religioso iria querer eliminá-lo.


Outro ensinamento relevante é que a adoração burocratizada e cheia de dogmas e tradições é pesada demais, como se fosse um fardo espiritual, no qual a pessoa que o carrega não consegue acompanhar a verdade do evangelho. Os ensinamentos de nosso Mestre celestial são para segui-lo; não devemos nos prender às tradições, mas, assim como naqueles dias, nos dias atuais existem "novos fariseus, saduceus e mestres da lei", e estes, novamente, colocam fardos pesados sobre o povo.


Eles tentam ditar as regras sobre a vida das pessoas, alguns em dizer o que elas devem ou não comer, outros com quem elas devem ou não se casar ou até mesmo ter amizades, outros com quem as pessoas devem votar, pensar e até mesmo o que falar. Esses "fardos" colocados nas pessoas são como o câncer: aos poucos se propagam por todo o corpo, a ponto de que a cura é praticamente impossível.


Curiosamente, os fariseus dos dias de hoje pregam que devemos pedir por bênçãos a Israel, mas esquecem que a nova Israel são aqueles que proclamam Jesus Cristo. Eles pedem bênçãos a Jerusalém, mas novamente esquecem que os moradores da cidade celestial da "Nova Jerusalém" são somente aqueles que tiveram a sondagem dos rins e dos seus corações, e foram purificados pelo Espírito de Justiça e de Verdade.


Tanto a nova Israel quanto a Nova Jerusalém são espirituais. O Reino de Deus não é físico, mas estes fariseus modernos querem o poder físico, lutam pelo reino terreno. Dessa forma, ainda não entenderam o que significa "o novo céu e a nova terra" e "o meu reino não é deste mundo". Por estarem tão presos ao mundo físico, não terão morada no reino celestial.



12 Então, os discípulos de Jesus vieram até ele e disseram: “Notou como os fariseus ficaram ofendidos com o que o senhor disse?”

13 “Toda a planta que meu Pai celestial não tenha plantado será arrancada,” Jesus respondeu.

14 “Esqueçam-se deles. Eles são guias cegos. E, se um homem cego guia outro cego, os dois cairão em um buraco.” 


"Toda planta que não tenha sido plantada por Deus será arrancada..." Posso parafrasear essa frase de Jesus de outras formas, como, por exemplo: "Os planos dos homens não sobrevivem, apenas os planos de Deus" e até mesmo "Apenas o Eterno prevalecerá".


A queda do homem, do guia cego e de seu guiado, é como todas as doutrinas humanas e seus respectivos doutrinadores. Eles ensinam palavras bonitas e cheias de filosofias, mas todas essas doutrinas são cegas e mortas, e todo aquele que segue essas doutrinas farisaicas está cego e ensina outros cegos. O destino não pode ser diferente, senão a queda!


Certamente, a maior queda do homem é a perda da salvação, a condenação naquele grande dia de juízo sobre a humanidade. Embora Jesus faça distinção entre o "cego guia e o outro cego", ambos têm o mesmo destino e o mesmo julgamento, pois está escrito nas Escrituras que cada um responderá por suas próprias ações (2 Coríntios 5:10).


15 Então, Pedro pediu: “Por favor, explique para nós o que você quis dizer com esse exemplo.”

16 “Vocês ainda não compreenderam o que eu disse?”, Jesus perguntou.

17 “Vocês não percebem que tudo que entra pela boca passa pelo estômago e depois sai do corpo e vai para o esgoto? 

18 Mas, o que sai da boca vem da mente, e é isso que os contamina.

19 Pois o que vem da mente são pensamentos maldosos, assassinatos, adultérios, imoralidades sexuais, roubos, mentiras e blasfêmias,

20 e é isso o que os corrompe. Comer sem lavar as mãos não faz isso a vocês.”


O problema não é o que vemos, ouvimos ou comemos, e sim o que está em nossa mente. Sejamos honestos: quem de nós nunca teve um "pensamento malicioso"? Em um momento de raiva, podemos ter pensamentos involuntários, como desejos de fazer mal ao próximo, mas não podemos nos deixar ser subjugados por esses pensamentos maliciosos.

Sejamos honestos, a guerra entre o espírito e a carne é uma realidade, não é possível negar isso, e todos os pensamentos da carne vêm da nossa mente. Nesse aspecto, é inegável que a mente pode ser alimentada ou priorizada em detrimento de nossos valores e crenças que, em tese, devem ser as regras que norteiam nossas vidas.

Mas o pecado não é o pensamento. É impossível controlar o que pensamos e como nossa mente reage e debate sobre o que vê, ouve ou sente, mas podemos controlar o que fazemos, que é o pensamento que se realiza em ação prática, o que sai de apenas um pensamento e entra no mundo físico. Não é pecado ao vermos uma pessoa atraente e bonita e termos em nossa mente "admiração" ou até mesmo "pensamentos de desejo". Mas, note, quando isso sai apenas de um pensamento involuntário, causado por uma reação biológica normal e estudado pela ciência como uma reação comum de nossa perspectiva humana, e tentamos colocar em prática esse "pensamento adúltero", então estamos nos tornando maldosos, pois isso sai apenas do pensamento intrusivo e torna-se "um pecado de fato".

Os fariseus olhavam muito para o externo e para o que é visível, mas não controlavam suas mentes e sim mascaravam suas ações, criando um evangelho de fantasias ao público, dando a entender em seus rituais que eram "santos" e "convictos". Mas, pelas portas dos fundos, às escondidas, tinham vidas devassas e cheias de pecado.



21 Jesus saiu dali e foi para a região de Tiro e Sidom.

22 Uma mulher cananeia, que morava na região, veio e gritou: “Senhor, Filho de Davi, por favor, tenha pena de mim! Minha filha está muito mal, pois está possuída por um demônio.”

23 Mas Jesus não falou absolutamente nada. Seus discípulos se aproximaram dele e disseram: “Diga para ela parar de nos seguir. Toda essa gritaria é muito irritante!”

24 Então, Jesus respondeu para a mulher: “Eu fui enviado somente para as ovelhas perdidas de Israel.”


"Senhor, Filho de Davi": a declaração de uma mulher cananeia, ao ver Jesus, alguém que vinha se tornando famoso tanto na Judeia, como na Galileia e até mesmo nas terras de Tiro, como alguém que pregava o evangelho e realizava curas e sinais, havia chegado até a mulher cananeia, e a declaração dela assumia Jesus como "Senhor", reconhecendo sua autoridade e grandeza, e "Filho de Davi", reconhecendo sua linhagem e candidatura a Messias de Israel.

O registro bíblico dessa passagem é importante, pois demonstra que, mesmo após milhares de anos após a conquista de Canaã, ainda existiam pessoas que eram identificadas como cananeus na região. Isso demonstra que Israel jamais conseguiu eliminar a presença desses povos, mas que sim, no meio de Israel e, posteriormente, de Judá, os cananeus conviveram junto aos israelitas, como uma minoria, mas em relativa paz. Desde os tempos de Salomão, não existem relatos de conflitos entre israelitas e cananeus.

A demonstração inicial de irritação e de indiferença de Jesus com a mulher cananeia demonstra a missão original de Jesus, que, de fato, era pregar o arrependimento aos judeus; outras pessoas, em seu momento certo, fariam o trabalho de "dialogar" com estrangeiros em seu momento certo.

E isso também era uma atitude certamente planejada, pois Jesus, amparado pela lei que Ele seguia e estava vinculado em seu ministério terreno, não poderia agir indiscriminadamente com estrangeiros, mas seu ato inicial, como será visto no contexto, é um teste de fé.



25 Porém, a mulher veio e se ajoelhou diante dele, dizendo: “Senhor, por favor, ajude-me!”

26 Jesus lhe disse: “Não é certo tirar o alimento dos filhos e jogá-lo aos cachorros.” 

27 Ela respondeu: “Sim, Senhor. Mas até mesmo os cachorros comem as migalhas que caem da mesa do seu dono.”

28 Jesus disse: “A sua fé em mim é grande. Eu farei como me pede.” E a filha da mulher foi imediatamente curada.


A fé da mulher cananeia foi grande. Diante de negativas, muitas pessoas recaem em suas vaidades e amores próprios e logo desistem, ou se estressam e xingam. Ela poderia simplesmente ter ido embora e desistido, procurado outra solução, talvez um curandeiro ou mesmo um líder religioso de seu próprio povo, mas ela estava convicta de que Jesus Cristo era o Filho de Davi e salvaria sua filha.

Mesmo comparada a cães, ela não se ofendeu, reconhecendo que não era do povo de Jesus, que não era judia, mas ela, mesmo assim, se ajoelhou ao Messias e reconheceu Jesus como sua última saída. De forma profética, essa ação ecoa nos corações de todos os cristãos que, assim como eu, não são judeus, não são da tribo de Judá nem de Benjamim, mas são servos de Cristo. Ele é nosso Deus e Salvador, de forma que não precisamos das leis dos judeus e de nenhuma doutrina ou filosofia para sermos salvos.



29 Jesus voltou, passando pelo mar da Galileia. Ele foi até um monte próximo, onde se sentou.

30 Grandes multidões vieram até ele, trazendo coxos, cegos, aleijados, mudos e muitos outros doentes. Eles foram colocados no chão, aos seus pés, e Jesus curou a todos.

31 As pessoas ficaram espantadas com o que viram acontecer: os surdos podiam falar, os aleijados foram curados, os coxos andaram e os cegos puderam enxergar. Eles louvaram o Deus de Israel.

32 Jesus chamou os seus discípulos e lhes disse: “Eu sinto muita pena destas pessoas. Elas estão comigo há três dias e não têm nada para comer. Eu não quero mandá-las embora com fome, pois elas podem desmaiar em seu caminho de volta para casa.”

33 Os discípulos responderam: “Onde conseguiríamos encontrar pão para alimentar todas estas pessoas aqui neste deserto?”


Os discípulos já tinham testemunhado milagres de multiplicação antes. Mesmo quando somos testemunhas de grandes milagres e vemos grandes maravilhas, é comum que, quando vemos as dificuldades e desertos que aparecem diante de nossos olhos, pensemos que não será possível, ou mesmo nossos corações tremem.

Mas, novamente, Jesus faz o que é impossível aos homens. No Velho Testamento, os judeus passaram pelo deserto e tiveram fome, e Deus os alimentou com "alimento que caiu do céu". E novamente esse milagre acontece, mas dessa vez não caiu do céu e sim das mãos de Jesus Cristo.


34 “Quantos pães vocês têm?” Jesus perguntou. “Sete e alguns peixes pequenos,” eles disseram.

35 Jesus pediu para que a multidão se sentasse na grama.

36 Ele pegou os sete pães e os peixes e, após abençoar a comida, ele os repartiu e os deu aos discípulos, para que eles distribuíssem às pessoas que estavam ali.

37 Todos comeram até ficarem satisfeitos. Das sobras, os discípulos recolheram encheram sete cestos.

38 Quatro mil homens comeram, sem contar mulheres e crianças.

39 Então, Jesus enviou a multidão de volta para casa, entrou em um barco e foi para a região de Magadã.


 Jesus estava com uma grande multidão, e eles estavam ali há algum tempo, sem comida suficiente. Os discípulos estavam preocupados com a fome das pessoas. Jesus, com sua sabedoria, pergunta aos discípulos quantos pães eles tinham. A resposta é modesta: sete pães e alguns peixes pequenos. Isso demonstra que os recursos disponíveis eram insuficientes para alimentar um grupo tão grande.

O Milagre: Jesus não se limita a lamentar a escassez. Ele instrui a multidão a se sentar. Em seguida, pega os poucos pães e peixes, dá graças a Deus (abençoa) e começa a reparti-los. O ponto crucial aqui é que, ao passar pelas mãos dos discípulos para serem distribuídos, a comida se multiplica milagrosamente.

O resultado é impressionante: quatro mil homens, sem contar mulheres e crianças, comeram até ficarem satisfeitos. Mais notável ainda é que, após a refeição, os discípulos recolheram sete cestos cheios de sobras. Isso não apenas mostra a abundância do milagre, mas também a importância de não desperdiçar.

Este milagre tem várias interpretações teológicas:

- O Poder de Deus: Demonstra o poder ilimitado de Deus para suprir as necessidades, mesmo quando os recursos humanos são escassos.

- A Generosidade de Jesus: Revela a compaixão e o cuidado de Jesus pelas pessoas, sua disposição em alimentar tanto o corpo quanto o espírito.

- A Comunhão e a Partilha: Jesus usa os discípulos como instrumentos na distribuição, incentivando a partilha e a comunhão.

- O termo "pão vivo" tem um significado teológico profundo no cristianismo, especialmente no contexto dos ensinamentos de Jesus. Vamos explorar os principais aspectos desse conceito:

  • Identidade de Jesus: Jesus se apresenta como o "pão da vida" em João 6:35, afirmando que quem vem a Ele nunca terá fome e quem crê nele nunca terá sede. Isso indica que Ele é o sustento espiritual essencial para a vida eterna.
  • Alimento Espiritual: O "pão vivo" simboliza a comunhão espiritual com Cristo. Alimentar-se desse pão significa aceitar e viver a mensagem de Jesus, que oferece não apenas sustento físico, mas também vida espiritual e eterna.
  • Comparação com o Maná: O "pão vivo" é frequentemente comparado ao maná que Deus forneceu aos israelitas no deserto. Enquanto o maná sustentava fisicamente, o "pão vivo" sustenta espiritualmente, prometendo vida eterna a quem se alimenta dele.
  • Sacrifício de Cristo: Em João 6:51, Jesus diz: "Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém comer deste pão, viverá para sempre; e o pão que eu darei é a minha carne, que eu darei pela vida do mundo." Isso se refere ao sacrifício de Jesus na cruz, onde Ele entrega Sua vida para a salvação da humanidade.


Todos os capítulos de Mateus comentado.         


📑 Créditos da versão bíblica usada são da Blive (Bíblia Livre) 

💬 Comentários são de Lucas Ajudarte

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